quinta-feira, 22 de março de 2012

Pequenos ditadores

Ontem esteve a jantar em minha casa a reencarnação do Kim Jong-il num corpo de uma criança de 4 anos e do sexo feminino.
Uns amigos com uma filha de 4 anos a quem eu baptizei de a pequena ditadora, vieram cá jantar a casa, tudo muito bem, mas eis que a pequena ditadora monopolizou o dito jantar,  que se veio a revelar um inferno, ora porque a criança queria comer e depois já não queria, e que a mãe não podia estar sentada onde estava e foi uma troca de lugares que mais parecia que estávamos a jogar ao jogo das cadeiras, e que tivemos de estar a ver o canal Panda e não podemos falar para não perturbar a menina, nada de refrigerantes nem doces na mesa porque a ditadora não podia comer ia-lhe fazer mal mas os pais não eram capazes de lhe dizer não, só lamentei o tempo que estive a fazer um soberbo cheesecake para nada, bem mais ficou, tenho de ver o lado positivo.
Depois de duas horas que durou o martírio, já eu estava com os nervos em franja (apesar de não usar) já me tinha lembrado de colocar uma vassoura atrás da porta (que segundo os antigos, fazia com que as visitas zarpassem), mas sempre com um sorriso nos lábios e aqueles pais sempre a elogiar a filha, sim porque a conversa foi só dos "maravilhosos" feitos que a pequena ditadora alcançou, que para mim são perfeitas faltas de educação, mas para os pais são traços de forte personalidade.


Não tenho filhos, mas sou child friendly, e acho que hoje em dia as crianças mandam nos pais, ditando as regras do que se vê e faz em casa, não é assim que deve ser, lembro-me de quando era pequena e os meus pais recebiam amigos eu e a minha irmã íamos dormir assim que a minha mãe dizia que já eram horas, Na televisão quem mandava era o meu pai, está bem que só havia dois canais, mas quando o meu pai via a balada de Hill Street Blues nós tínhamos de ver, e eu que mal lia  as legendas, parecia que o capitão Frank Furillo falava depressa demais, e os Domingos à noite em que víamos o Domingo Desportivo, mas só se o Sporting ganhasse, em que o Rui Tovar falava sobre a jornada domingueira e eu lá via os jogadores a correr atrás da bola e só pensava, como é que é possível as pessoas gostarem disto, hoje posso dizer que gosto de futebol, apesar de certas negociatas que se passam nos bastidores, gosto da união dos adeptos que se faz sentir nos jogos, e do frenesim que alguns jogos causam, escusado será dizer que sou do Sporting.


Bem sei que os tempos são outros e que a maneira de educar vai mudando de geração para geração, mas há certos ensinamentos básicos que devem ser mantidos, é que educação nunca fez mal a ninguém.



7 comentários:

  1. Começo por dizer que sou pai e compreendo o seu comentário.

    Nos tempos em que não era pai dava por mim a pensar "um dia quando tiver filhos vou fazer tudo de maneira completamente diferente do que estou habituado a ver, quando o meu filho fizer birra porque não quer comer vou obrigá-lo a comer tudo. Quando o meu filho se mandar para o chão a fazer birra vai ser castigado. Não isso não, não vou sequer deixar chegar a esse ponto. Quando for jantar a casa de alguém o meu filho vai comportar-se, não vai andar a saltar para o sofá com os pés em cima nem vai deitar a bela peça de cristal ao chão".

    Hoje em dia tento que tais coisas nao aconteçam, mas como me diziam na altura: "um dia vais ser pai e vais ver..."

    Agora com licença, vou disciplinar o meu Mussolini.

    ResponderEliminar
  2. Caro JF

    Acho que o que realmente me irritou não foi a criança mas sim a passividade dos pais, as crianças saltarem nos sofás ou sujarem a mim sinceramente pouco me incomoda, pois é normal, também tenho uma sobrinha e fico com ela algumas vezes e sei o que a casa gasta, mas é preciso saber dizer não e chamar a atenção, e foi o que não se passou ontem.

    Quanto ao seu Mussolini, boa sorte :)

    ResponderEliminar
  3. Bom, há pais e pais! E quem diz pais diz mães também!

    Posso dizer que não tendo pretensões a grande educadora, nunca o meu filho fez cenas dessas. Nem filhos de amigos meus. Há exceção de uma, uma única vez, porque adormeceu e depois acordou estremunhada com uma grande birra, mas a hora já era tardia. Os pais pegaram na miúda e foram embora. Mas enfim, agora já são quase todos crescidinhos, jovens na casa dos 20 anos, não tenho a certeza se a (des)educação que se dá atualmente não piorou um bocado...

    Devo acrescentar ainda que, tendo a minha cota parte de mãe galinha, sempre engalinhei com conversas sobre a esperteza infantil, o cocozinho na fralda, as doenças dos meninos e toda a parafernália de coisas que pais babados tinham sobre a sua prole. Nunca tive pachorra... :)

    ResponderEliminar
  4. eu não gosto muito de crianças, confesso. tolero, mas basta começarem as birras e acabou-se.

    sei que deve ser muito complicado para os pais... mas tb me lembro que um estalo bem dado da minha mãe, que até nem magoava muito, me ensinou os limites das minhas acções.
    e uma palavra que te humilhe magoa mais que tudo.
    fez de mim o que sou hoje - que pode não ser grande coisa... mas vai dando para o gasto ;)

    ResponderEliminar
  5. Teté,

    Essas conversas sobre a criancinha tiram-me do sério, acredito no orgulho que os pais sentem, mas há tanta coisa interessante para se falar :)

    ResponderEliminar
  6. early,

    o grande problema é a passividade dos pais, uma chamada de atenção mesmo a sério nunca fez mal a ninguém.

    ResponderEliminar