segunda-feira, 19 de março de 2012

Vidas

Existem diferentes tipos de pessoas que passam na nossa vida, as que nos deixam marcas positivas ou negativas, e as que simplesmente passam e nos deixam lembranças que adormecem e só nos lembramos desses momentos quando vemos novamente essa pessoa. 


No Sábado estava a tomar o meu café quando entra uma rapariga e que parecia bastante mais velha para a idade que tinha, ao olhar para a mesma, ela baixou os olhos assim que os nossos olhares se cruzaram e aquela figura foi-me familiar, era a Sónia, uma rapariga que tinha sido da minha turma do liceu durante três anos, mas foi daquelas pessoas que passou na minha vida e não deixou nenhuma memória viva daquelas que recordamos quando estamos com amigos, não sei o sobrenome dela, não me lembro onde morava, quais os amigos, apenas me recordo que não gostava dela e que não fazia parte do meu círculo de amizades, apenas tenho uma história da Sónia que recordo


A Sónia era uma excelente aluna, mas penso que não se dava com ninguém e era uma pessoa solitária, não sei se por opção ou se por a maioria ter uma antipatia natural por ela, e à cerca de vinte anos, fizemos a tal viagem de finalistas de liceu, a Lloret del mar, em que na semana da Páscoa, milhares de jovens iam para terras espanholas, com dinheiro no bolso, sem supervisão parental e em que todos os excessos eram cometidos, e contra todas as estatísticas, a tal de Sónia também foi, para espanto de todos, como era possível aquela personagem que não se inseria em nenhum grupo e que não tinha nenhum amigo, fosse naquela viagem, mas isso acabou por acontecer, e no dia marcado lá fomos nós, ao chegarmos lá, a Sónia desapareceu, durante uma semana, nem sei se foi vista, mas ninguém se preocupou, em saber se estava bem ou mal, tal era a invisibilidade dela e a nossa irresponsabilidade social, no dia de regresso a rapariga lá apareceu e ao olharmos para ela, parecia outra, mas na versão rameira, até então a rapariga que nós conhecíamos tinha desaparecido, e ela apareceu com uma roupa em que quase podíamos ver as entranhas e ainda levemente embriagada e de cigarro na mão, até hoje não sei o que se passou com ela naquela semana.
Voltámos e entretanto a minha memória apagou o que em diante se passou com ela e as nossas vidas quando acabámos o liceu e cada um foi estudar para seu sítio, nunca mais se cruzaram, mas ao ver a imagem dela no sábado, a rapariga que tirava boas notas e que parecia ir ter um futuro brilhante, foi como que uma miragem, aquela pessoa que ali estava era alguém que não tinha uma vida fácil e estava irreconhecível, não me falou e eu também não tive coragem para meter conversa com ela, mas nunca tive tanta curiosidade em saber o que nestes vinte anos se tinha passado com ela.








10 comentários:

  1. Há vidas que nem imaginamos que existem, sim.
    Vidas difíceis, vidas complicadas, vidas não escolhidas, não optadas.
    Vidas nas quais nem imaginávamos que, eles que conhecíamos, lá iam parar.
    Vidas que não queremos para nós e para os nossos.
    Vidas, sem vida.

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  2. Há pessoas assim, que por excesso de timidez ou por antipatia natural não nos dizem absolutamente nada. Quando aliam a isso comportamentos estranhos (uma semana na viagem de finalistas e ninguém deu por ela?), por vezes começamos a pensar de que massa serão feitos, para serem tão imprevisíveis... ;)

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  3. Triste. Às vezes as pessoas mudam radicalmente numa tentativa de chamarem a atenção...

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  4. Francisco,
    É verdade, existem pessoas que levam vidas que nós nem imaginamos, de tão complicadas que são.
    Já agora para quando um blogue?

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  5. Teté.

    A mente humana é incompreensível.

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  6. S*

    É mesmo muito triste, ver o rumo que certas pessoas tomam.

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  7. Talvez a 31 de Fevereiro, de um ano por inventar :)

    Mas tenho Feisebuk ;)

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  8. Francisco,

    Não,acho que deves mesmo em pensar ter um blogue, fico à espera e não pelo 31 de Fevereiro que nunca há-de aparecer :)

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  9. Mas eu tenho lá jeito, paciência, capacidade, e mais coisas, para ter um blog... ;)

    Na tenho :(

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  10. Francisco,

    Eu também não tenho jeito, a minha escrita é tudo menos perfeita, mas também não é para ganhar nenhum Nobel, são apenas pequenos desabafos sobre tudo e sobre nada :)

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